Começo esse artigo jogando uma frase para quem trabalha no mercado de comunicação e marketing digital pensar: a empresa que você trabalha é realmente uma agência ou uma produtora web?
Voltando um pouco na história, quando a web começou a crescer no Brasil de forma comercial, por volta dos 1995, surgiram muitas empresas que começaram a trabalhar nesse segmento era um grande nicho de mercado: empresas queriam ter um site – na época não se sabia muito bem o porquê – e precisavam de uma empresa que fizesse esse trabalho.
Surgiram as produtoras.
Basicamente elas recebiam o brief do cliente, faziam um layout, programavam e entregavam o site para o cliente. Processo “fordista” de linha de produção. Recebia, produzia, entregava e os profissionais já estavam prontos para outro projeto.
A manutenção do site era uma forma das produtoras não mais terem “Jobs” e sim clientes pagando mensalmente e assim conquistando novos clientes era a forma de crescer no mercado.
Com o crescimento da compra de mídia online, começou-se a diferenciar agência e produtora aquelas empresas que compravam mídia online para seus clientes. Se compravam um banner no site da rádio do interior do Amapá era agência, se apenas produziam um site eram produtoras. Para muitos, essa divisão ainda se faz presente, mas na minha opinião ela nunca foi verdadeira.
Agências, na minha opinião, são empresas parceiras dos clientes. São empresas que pensam além do brief do cliente, que pensam em INOVAÇÕES, em novas formas de impactar os CONSUMIDORES das marcas com as quais as agências trabalham; parceiros são pró-ativos que não esperam o brief do cliente. Eles colhem esse brief “provocando” o cliente, chegam ao ponto de nem precisar do brief, precisarem apenas de um “ok, coloquem a ideia em prática”
Vamos ao exemplo que li recentemente e sinceramente me encantei com esse case. Trata-se da história de Hélio Silveira Motta, um dos pioneiros do planejamento no Brasil. Recentemente falei sobre a história dele em meu blog. Motta trabalhava para a Gillete que detinha 96% do mercado. Um cliente desses precisa de campanha? Alguns podem dizer que não. Motta disse que sim.
Pesquisando o consumidor (fator fundamental para qualquer planner é entender a cabeça e comportamento do consumidor) ele descobriu que os homens faziam barba apenas 2 vezes por semana. Motta entendeu que se uma campanha mostrasse a importância de se barbear todos os dias, seriam vendidos mais giletes. Talvez a marca continua-se com 96% do mercado, mas com certeza venderia mais. Motta chegou ao cliente com a campanha pronta. Sem layout, sem milhares de estudos, sem um plano de mídia. Apenas um pedaço de papel com uma idéia baseado em: identificação de um problema X solução com foco no negócio do seu cliente.
Quando se trabalha com web, e principalmente para os planners, métricas são fundamentais para o resultado do trabalho; precisamos medir cada passo do usuário e assim entender a performance do site visando melhorar cada vez mais.
Isso não é algo que o cliente deve pedir e sim algo que a agência tem que fazer obrigatoriamente todos os dias; entretanto não é apenas medir o site e sim criar estratégias para que melhore essa performance, mais uma vez, pró-atividade.
Se o problema do cliente é na venda de um produto pois esse é mal comunicado – uma pesquisa com o consumidor pode mostrar que as pessoas não compram o produto porque simplesmente não o conhecem – a agência deve apresentar ao cliente uma campanha de mídia, mas não uma campanha onde o foco seja em ganhar o maior BV (Bonificação por Volume) possível e por isso colocar alguns banners na home de portais, é preciso chegar com uma ESTRATÉGIA direcionada a atingir o maior número de pessoas possíveis dentro do target daquele produto. E entender se mídia é mesmo a melhor estratégia ou se uma ação de Twitter ou Links Patrocinados não trará mais resultados.
As vezes, um banner na home de um site vertical, que tem 50 mil usuários únicos por mês pode atingir mais pessoas- dentro do target escolhido – que um banner na home de um mega portal, que atinge homens e mulheres dos 5 aos 90 anos, classe ABCDE, com algum acesso a web, residentes no mundo.
Mais uma vez pró-atividade!
Parceria, pensar o negócio do cliente, desenvolver um projeto de comunicação que resolva um problema identificado pela agência; uma estratégia “matadora” que saia do “oba-oba” e vá para o foco no negócio, para a geração de receita ao cliente.
Entender a forma como seu consumidor pensa e como você, planner, vai ligar essa marca aos seus consumidores.
É assim que você vai responder a questão feito acima. Se você age dessa forma, parabéns, você é uma agência. Se você é passivo, espera o cliente te ligar para passar um job que quando chega entra em sua linha de montagem, você é uma produtora, que talvez um dia, veja que está perdendo clientes para agências e aí, mude a mentalidade e se torne uma!
Uma resposta
Parabéns pelo post. Identifica perfeitamente como deve se comportar uma agência pró-ativa e que atende aos reais problemas de seus clientes e prospects de maneira inteligente. Existe um conceito que esclarece muito esse tipo de abordagem mais eficaz, a @nanopublicidade. Bem interessante também.