É um segmento que investe fortemente no futebol, mas que a cada novo clube, é uma nova polêmica. Este é o cenário das casas de apostas online quando o assunto são patrocínios e visibilidade.

Apesar de ser um setor com total dependência do futebol e com potencial de investimento, as leis de regulamentação limitam este tipo de negociação em alguns países. Se antes Portugal, Alemanha e França tinham total veto a estes patrocínios, hoje vemos isso de maneira bem mais branda, ainda que na Alemanha a lei permaneça.

O assunto veio à tona novamente após a Codere, bolsa de apostas espanhola, entrar com uma ação na justiça contra a Bwin, patrocinadora master do Real Madrid. Segundo a Codere, a Bwin viola as leis de concorrência no país, onde é proibida publicidade deste tipo ou somente é aceita se for sujeita a severas restrições feitas pelo Tribunal Comercial.

Coloquei este assunto em pauta no Twitter @mkt_esportivo e a grande maioria foi contra casas de apostas patrocinarem os clubes de futebol, pois pode haver um conflito de interesses e acabar gerando (como já gerou) manipulação de resultados, tirando a parte mais importante do esporte: sua imprevisibilidade.

Tudo começou na liga Portuguesa em 2005, com a Bwin adquirindo o naming da liga portuguesa (sendo retirado em 2008 por decisão do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias). Em 2006, apareceu o primeiro acordo envolvendo clube. O Sporting Braga assinou contrato com a Sportingbet, mas foi suspenso logo depois pelo mesmo Tribunal.

Atualmente, a Betclic investe fortemente no futebol português aparecendo nas mangas de 28 clubes portugueses. Incluindo: Sporting Braga, Vitória de Setúbal, Beira-Mar, entre outros. O patrocínio master ainda é proibido.

Já a liga inglesa mais uma vez deu mostras de que é a mais estruturada e desenvolvida liga do mundo. Diversos clubes do país como: Chelsea, Manchester United, Aston Villa, Bolton, Derby County e etc, possuem parcerias com casa de apostas.  Mas qual foi a maneira encontrada pelos clubes para, não só evitar polêmica, como melhor usufruir do patrocínio? Formar contratos maiores e tornar as casas como seus parceiros oficiais de apostas. As empresas possuem publicidade no site e no estádio, além de estreita relação com o clube e sua base de torcedores.

Dois exemplos: o Manchester United tem contrato de 3 anos com a Betfair, que rende 1.7 milhões de euros anuais. Já o Chelsea, tem a 188BET como parceria oficial e leva 1 milhão de euros por ano para os cofres.

Na Itália, dois principais clubes do país possuem acordos com casas de apostas. É o caso da Juventus com a Betclic (apenas na camisa principal) e do Milan com a Bwin, que patrocina o clube desde 2008. O Palermo possui com a Eurobet.

A França tinha total veto a patrocínios que envolvessem casa de jogos. Antes, o Lyon só podia se utilizar do acordo com a Betclic em jogos da Champions League e que ocorriam fora da França. Hoje, regulamentado, tanto o Lyon quanto o Olympique Marseille, possuem patrocínios com a empresa e estão liberados para a publicidade em seus uniformes.

O cenário da Espanha eu apresentei no começo da coluna. A Bwin investe fortemente no Real Madrid, tendo renovado em 2009 o contrato até 2013, mas passa agora a sofrer possíveis restrições com este pedido no Tribunal. O Barcelona seguiu o modelo dos clubes ingleses e também possui uma parceria com a Betfair por 2 anos, utilizando apenas publicidade no site e Camp Nou. O Sevilla é outro clube espanhol a ter patrocínio master com uma casa de apostas, a 12BET. O mercado de apostas não tem o interesse de que surjam novas acusações de corrupção e combinações de resultados. O setor depende do futebol e uma vez que novas suspeitas sejam levantadas, podem surgir novas leis que limitem este tipo de negociação.