Como as novas tecnologias digitais podem melhorar a prática institucional pública, fortalecer a democracia através da integração e da transparência, conferindo mais poder aos cidadãos.
De acordo com Aristóteles, conceitualmente, a Política seria a virtude coletiva que trabalha pela prosperidade de todos os que se agregam na polis sob os fundamentos da justiça e da liberdade. Sendo assim, o governo pode ser considerado uma organização de extrema importância na rede social de um país. Visto isso, vamos analisar o recente movimento estratégico relativo ao uso da tecnologia, que para uma governança participativa reforça a capacidade de ação da população e promove o relacionamento entre a sociedade e os seus governantes.
Na sua essência, o Governo 2.0 toma por base a incorporação das novas tecnologias para a melhoria dos processos internos de administração pública, através de uma gestão democrática que prevê a ampla participação de uma rede de pessoas que estão interessadas em acompanhar e intervir nos processos de políticas públicas.
Essa liberdade de comunicação interativa, combinada à facilidade de uso das plataformas de mídias sociais passa a ser anunciada como uma das mais influentes formas de mídia na sociedade atual. Esta é a era onde não é mais possível moldar a opinião das pessoas com a publicação de simples press releases em portais institucionais. Um bom exemplo deste conflito foi quando o governo Lula lançou o Blog do Planalto, um canal de informação oficial das ações do governo, contudo sem a possibilidade da população interagir com os posts publicados, o que, por definição, vai completamente contra os conceitos de transparência e participação do gov 2.0.
A mudança no consumo das mídias mudou radicalmente a forma de se fazer comunicação. Com a pulverização da audiência, é praticamente impossível alcançar todo o seu público alvo utilizando apenas uma mídia. O que promove consequentemente um movimento de transferência de investimento das mídias ditas tradicionais para a internet – antes considerada uma mídia alternativa.
Um exemplo de mudança na comunicação pública nacional foi o lançamento do Portal Brasil, na última quarta-feira (03). Com o objetivo de aproximar ainda mais o Estado do cidadão, o portal oferece serviços, cultura e informações em 12 áreas de conteúdos temáticos: cidadania, saúde, educação, ciência e tecnologia, Brasil, cultura, economia, esporte, geografia, história, meio ambiente e turismo. São mais de 500 serviços integrados. De acordo com o blog do Planalto, inicialmente, serão oferecidos conteúdos segmentados para trabalhadores, estudantes, empreendedores e imprensa. Há previsão de estendê-los às crianças, idosos, servidores públicos mulheres e outros públicos.
Há muito ainda o que ser discutido e implantado na comunicação pública digital, visto que novas participações e inovações serão cada vez mais uma exigência da sociedade ou terão saídas alternativas a partir da própria população. Daqui para frente, o que se vê é o fortalecimento da web como plataforma cidadã. Através de iniciativas #webcidadania, que será lançado oficialmente hoje (11) na Conferência Internacional de Redes Sociais (CIRS), em Curitiba, movimentos independentes estão construindo boas maneiras de levar para a política o que a sociedade já aprendeu com a web 2.0.
Dessa forma, fica evidente que na era da política 2.0 a comunicação interativa é muito mais profunda do que apenas a aplicação das estratégias em redes sociais e a avaliação do comportamento do candidato político nas diversas plataformas. Essa é apenas a ponta do iceberg, já que na versão interativa da web é possível fazer muito mais com muito menos e através da articulação pública, naturalmente acontece a quebra das estruturas de poder atualmente vigentes.
7 respostas
Creio que o Governo2.0/Política2.0 traz conceitos e possibilidades para o nivelamento do poder entre nossos aspirantes ao governo ou aos que já possuem uma cadeira marcada. Bastando que esses saibam utilizar o “livre espaço” da internete, já que em tese não há mais regras quantitativas de tempo máximo disponíveis para a interação entre políticos e população.
Tanto o universo político (orgãos governamentais, candidatos, entidades de classes, candidatos ao pleito, politicos ocupante de cargos públicos, os poderes constituídos no Brasil, entre outros) e grande parte do universo da empresas jurídicas não estão sabendo explorar profissionalmente as redes sociais.
O fato é que eles não sabem o que é interação, não sabem o que os consumidores e a sociedade em geral anseiam para melhores práticas de relacionamentos. Eles não se comunicam: comunicação é uma via de mão dupla, de ida e volta e informação (é o que ele fazem) é uma via de mão única, eles informam e a sociedade escuta calada, ela não interage. Não adianta pensar em formatar uma rede social se eles não sabem o princípio da mesma(interação, integração e comunicação).
Eles formatam a rede social para vender a imagem de político ou empresa politicamente corretos e subtendendo que pensam nos problemas sociais. As empresas tentam vender produtos, isto é ponta final do iceberg das redes socias, os políticos vendem imagens e suas ações de governança que também é a ponta final.
O que os integrantes das redes sociais anseiam. Será que eles querem somente informação? E em relação a democratização das preferências, gostos e comunicação por meio de palavras que expõe idéias?
Redes Socias é pura e simplesmente comunição de mão dupla, ida e volta. PENSEM NISSO.
Carlos Fabrício R. da Cruz
PósGraduado em Marketing pela Universidade Federal de Sergipe
Publicitário graduado pela Universidade Tiradentes
Carioca residente em Aracaju/Sergipe.
http://www.carlosfabriciocomunicologo.blogspot.com
Ola, sou o editor do Blog do Planalto e tenho um ou outro comentario a fazer. Eu era defensor da ideia de ter comentarios no blog mas fui voto vencido. Mas em seguida percebi que a ausencia do espaço para comentarios no blog era totalmente relevante por ser o conteudo do blog totalmente livre para ser reproduzido, compartilhado, espalhado pela internet. Ou seja, o debate nao estah tolhido, pelo contrario, ele foi maximizado por TODA a internet, e nao apenas numa area de comentarios. Prefiro mil blogs com um comentario sobre o tema proposto do que um blog com mil comentarios.
Uma area de comentario nao eh maior do que a internet. E nao acho que as pessoas procuram interacao quando comentam, mas apenas expor suas ideias – que o facam, espaco eh o que nao falta!
um abraco!
Jorge Cordeiro
Fábio, Carlos e Jorge, muito obrigada pelos comentários.
Gostaria de acrescentar apenas que a própria limitação do Blog do Planalto que impede a publicação de comentários já é uma contradição com os valores da rede. Ótimo que as pessoas estejam replicando o conteúdo do blog e criando outros espaços de interação, mas a liberadade de expressão dentro dos canais é o ponto de partida para as conversações.
De fato, o espaço para comentários é na maioria das vezes um espaço de intervenção do que de interação, mas daí já partimos para o fato de que é a modernização dos meios de comunicação que estão propiciando a abertura para se chegar a essa ‘via de mão dupla’como foi bem citado pelo Jorge.
André, entendo que a força da interação vai transcender a internet “fixa”, através da mobilidade frequente e as pessoas poderão debater assuntos e adquirir informações em qualquer momento e lugar. É a nova revolução na construção do conhecimento.
Abs.
Onde se lê “relevante” no meu comentário, leia-se “irrelevante”. E Jacqueline, seria contraditório se o conteúdo fosse restrito e fechado, o que impediria o debate em outros foruns, mas nao é o caso, todo conteudo do blog do planalto é aberto! A idéia é justamente espalhar a informação e promover o debate no máximo de foruns possiveis, nao em um espaço apenas. E até espaço para interação ha, por meio de email – todos sao lidos e respondidos.
um abraço!
Já que o objetivo é fazer a informação circular e ser debatida, por que não começar no próprio blog? Posso estar muito equivocada, mas parece-me mais mede de ver estampadas críticas em local tão visitado. Portanto, continua sendo controle.