Relações Públicas Online: o caminho para construir relacionamentos verdadeiros nas mídias sociais

O conceito de RP passa pela gestão da comunicação entre a empresa e seus públicos, baseado em diálogos, não monólogos, e pela gestão da reputação. Em sua própria essência, é um conceito importantíssimo para essa nova era em que vivemos, onde caem todas as verdades prontas da comunicação um-para-todos. Os públicos possuem voz, mais do que nunca, e as empresas que não souberem lidar com essa nova realidade correm sérios riscos de não-sobrevivência no século XXI.

O Manifesto Cluetrain (link: http://www.cluetrain.com), um conjunto de 95 teses que sugerem como devem trabalhar as empresas em um novo ambiente conectado, começa com a afirmação “Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos – e mais espertos que a maioria das empresas”.

Todas as teses do Manifesto Cluetrain merecem destaque, mas escolhi algumas para comentar aqui.

• Tese #01. Mercados são conversações.

Se uma empresa acredita que está fora das mídias sociais, está errada: as pessoas já estão falando sobre sua marca, seus produtos e serviços. E como ferramentas para estimular conversações, as mídias sociais não aceitam qualquer pessoa ou empresa que queira controlar aquele ambiente. As conversações devem fluir de maneira natural, franca e transparente, e a empresa deve estar disponível para ouvir e conversar com seus públicos, sem mentiras nem meias-verdades.

Resumindo: as mídias sociais são um meio que as pessoas usam para falar de sua empresa, e não o contrário.

• Tese #02. Mercados consistem em seres humanos, não setores demográficos.

A visão de público-alvo como “masculino, classe AB, residente em tal lugar” ficou para trás. Vamos a um exemplo:

Você tem 2 homens, de classe AB, pais de família, um trabalha como advogado, o outro como médico. Qual produto poderia ser consumido pelos dois? Podemos pensar em “cerveja”?

Porém, é preciso pensar no seguinte: um deles é evangélico, cresceu em um ambiente complicado, onde seu pai era alcoólatra, e hoje presta serviços para uma instituição de reabilitação. Vê como ele já não se encaixa mais no público-alvo do produto “cerveja”?

Por isso, as empresas precisam aproveitar a oportunidade de conhecer melhor seus públicos, e as mídias sociais são uma ferramenta excelente para isso: porque é ali que você consegue estabelecer relacionamentos com o seu verdadeiro público.

• Tese #12. Não existem segredos. O mercado em rede sabe mais que as empresas sobre seus próprios produtos. E sendo a notícia boa ou ruim, os consumidores dizem para todo mundo.

Existem diversos sites que servem ao propósito de ser um repositório de reclamações e sugestões de consumidores. O Orkut e o Twitter, por exemplo, também estão cheios de reclamações e sugestões para as empresas, que precisam monitorar tudo o que é falado sobre elas. E responder, de forma franca e realmente interessada em resolver os problemas daquelas pessoas. É entrar ali para ouvir, entender, aprender, resolver problemas, jamais julgando ou batendo de frente. E isso já não é mais um diferencial: é garantir a sobrevivência da empresa.

• Tese #17. As empresas que assumem que mercados online são os mesmos mercados que costumavam assistir seus anúncios na televisão se enganam a si mesmas.

A publicidade na Internet é diferente de tudo o que vimos antes. Porque é convergência, é conversação. E conversação pressupõe via dupla, ouvir o que se quer e o que não se quer também. E o mercado se adapta de forma incrivelmente veloz a essa nova realidade, e ao que parece, não pretende voltar a ser apenas “receptor” nesse processo comunicativo.

• Tese #72. Nós gostamos muito mais deste novo mercado. De fato, nós estamos criando-o.
• Tese #73. Você está convidado, mas é o nosso mundo. Jogue seus sapatos pela janela. Se você quiser negociar conosco, desça do pedestal!

Nunca a frase “o consumidor é o Rei” fez tanto sentido. O ambiente de comunicação na Internet é construído pelas pessoas que participam dele, e as empresas precisam entender e se adaptar a isso. O perfil de “vendedor” perdeu sua força nas mídias sociais, e a comunicação empresarial precisa ser feita por pessoas, de verdade, com humildade e boa vontade para ouvir, conversar e resolver problemas: uma mistura de profissionais de RP e ombudsmen.

Reputações são construídas e destruídas na Internet todos os dias. Por isso, mais do que entender como funciona o Google Analytics, o novo profissional de comunicação digital precisa entender de pessoas, de redes sociais, de Relações Públicas, de comportamento e ética. E precisa aprender as melhores formas de abordagem. Porque a máxima, nesse novo ambiente, não são as ferramentas, nem o uso que se faz delas. São as CONVERSAÇÕES.

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Este post foi escrito por Diana Padua

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6 respostas

  1. Geraldo e Juliane,

    valeu, gente! 🙂 Estou me sentindo muito bem recebida por aqui. E estou aqui sempre que precisarem também! 😉

    Gilber,
    Para de me acrescentar idade? 😛 Foi há 5 anos, hehehe… 😀 Valeu, e sempre que precisar também, sabe como me encontrar.

    Bjs!

  2. Acho obvio essa questão de que “Sua marca já está nas mídias sociais”, porque se a grande massa mundial está na internet, digitando, compartilhando, comentando, publicando opiniões, é OBVIO que vão compartilhar experiências (boas ou não) com produtos, empresas e marcas. Mas o que me espanta ás vezes, é o fato de algumas empresas simplesmente virarem as costas pras mídias alegando que “já tem uma boa estratégia de marketing”. tá. mas que feedback essas campanhas trazem? as empresas precisam aprender que o cliente tem muito á dizer, e já está dizendo, em listas de discussão, fóruns, comunidades, tweets… e porque não se comunicar diretamente com ele? vai lá, manda um e-mail, siga-o, adicione-o. Tenho certeza que com o suporte certo e uma boa conversa sem lero-lero de política de relacionamento e com uma abordagem mais pessoal, o cliente vai se apaixonar o/

    __
    e Diana, parabéns pelo texto que tá ótimo, boa sorte por aqui e por todos os caminhos internéticos e não-internéticos que a sua pessoa for encarar. Bjs 😉

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