Entre uma palestra e outra, muito tenho ouvido falar sobre Design Thinking. Enquanto alguns dizem que é a grande tendência do processo de design, outros defendem que nada mais é do que um novo termo para a metodologia de criação que há anos vem sendo aplicada. Divergências à parte, não vou entrar na discussão, mas apenas esclarecer um pouco do que vem a ser o design thinking e o que traz de novo para o designer.
O processo de design é metódico. Mesmo que muitos não achem necessário, qualquer concepção feita sob uma metodologia tende a obter mais sucesso por conta da detecção de falhas ainda no processo de construção. Dessa forma, torna-se também mais lucrativa a longo prazo, mesmo que, de início, seja mais cara. O design thinking, ainda que um termo da moda, é uma nova forma de “pensar design”.
Um esquema sucinto dessa metodologia projetual aparece na seguinte ordem:
detecção de um problema > ideias > conceituação > primeiros testes > mais ideias > mais testes > prototipação > teste final > produto final. Mas isso não acontece sem o foco desse momento chamado de 2.0: o usuário.
O desenvolvimento de um projeto sempre tem (e depois de um tempo isso se torna subentendido) o usuário como “centro das atenções”. O diferencial, segundo especialistas como Tom Kelley, fundador da IDEO, é que o design thinking vai além do usuário como foco, ele procura entender como funciona a cabeça do futuro consumidor de seu produto (produto enquanto projeto, não objeto), dessa forma o material desenvolvido vai além de atender às expectativas dos clientes: ele cria novas, novos nichos de mercado, assim, sugere aumento nas vendas. Para isso, é importante não pular etapas enquanto se podem levantar dados e testar ao máximo, para obter o melhor resultado possível.
O designer Marty Neumeier, da Liquidy Agency e autor de alguns livros Zag e The Brand Gap, entre outros, fala um pouco da experiência do design thinking no vídeo abaixo.
“As empresas de design que agem intuitivamente, sem saber o que estão projetando, não sobreviverão ao mundo dos negócios. Para fazer design você tem que imaginar o futuro das situações; é a melhor maneira de se orientar um objetivo de projeto. No entanto, se as pessoas não vêem isso como um pensamento criativo, elas não são capazer de enxergar o quanto pode ser inovador. E é isso que realmente se procura nas escolas de design: inovação. Você precisa focar no que tem para projetar”.
Ao mesmo tempo que o design thinking remonta a metodologia projetual (que às vezes os designers esquecem no fundo da gaveta), percebo como diferencial desse “pensamento” uma preocupação maior com as possibilidades financeiras, ou seja, o produto tem que atrair (sim, a estética), mas também deve ser tecnicamente passível de produção e, principalmente, economicamente viável, ou seja, que haja uma relação custo versus benefício lucrativa. O design thinking, ao meu ver, se aproxima do marketing quando pensa em concorrência, em criar hábitos e necessidades, mas não abre mão de conceitos como inovação e diferenciação. O design e sua capacidade de ser híbrido permite assimilar infinitas áreas.
Luisa Moratori – Designer em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo viciada em livros, revistas, HQs, games e design. Compulsiva por rabiscar qualquer pedaço de papel. Apaixonada por marketing e branding e que não deixa passar nenhuma informação que possa virar criatividade.
Uma resposta
Post interessante! Tenho ouvido alguns meses só em falar sobre Design Thinking, mas a grande sacada é usar o Design Thinking como uma maneira de resolver problemas de processos nas empresas de maneira geral. Afinal mapear processos é muito cansativo! Tim Brown em algumas de suas palestras diponíveis no TED fala sobre isso! Parabéns pelo post!