Até onde vai o limite do patrocinador perante o manto sagrado de um clube? Esta pergunta será muito difícil de ser respondida, mas pode ser diretamente perguntada aos dirigentes e torcedores dos clubes patrocinados pelo BMG.
Através do Twitter, leio muita reclamação dos torcedores sobre o tamanho e a cor utilizada pelo banco nos uniformes dos clubes. Naturalmente, o banco usa sua cor de origem.
O BMG patrocina diversos clubes brasileiros: Cruzeiro, Galo, SPFC, Vasco, Flamengo, Coritiba, América-MG, Atlético-GO, Santos FC e clubes de menor escalão. É claro o objetivo do BMG: exposição e visibilidade. O banco não ativa seu patrocínio com nenhum clube, simplesmente paga pelo direito do patrocínio e estampa seu logotipo.
É muito complicado debater a questão da cor utilizada. Temos exemplos no futebol nacional de empresas que abriram mão de sua cor por ser igual a do rival, como por exemplo, a Coca-Cola com o Grêmio, que utilizou um fundo preto. Mais recentemente, o Corinthians com a Medial, que trocou seu famoso verde, por preto. Dentre outros exemplos.
O clube acaba virando refém desta situação. Por uma proposta melhor, ele não mede as consequências que um simples visual da camisa pode acarretar. As consequências de situações como esta podem ser a perda de vendas, que reflete diretamente no fornecedor de material, menor receita em royalties pro clube e protestos dos torcedores, como tem acontecido atualmente no Cruzeiro.
O BMG paga pela exposição na camisa e utiliza sua identidade, que é seu direito. Eu concordo com os protestos dos torcedores. Acho feias as camisas que não combinam em nada com o laranja e que prezam por suas tradições, mas temos que ver o lado da empresa também.
Poderia haver um consenso sobre o tamanho do logo, mas para a mudança da cor, eu vejo como uma situação bem difícil. Se ela abre mão por um clube, terá que abrir para todos os outros. O diretor de marketing do SPFC, Julio César Casáres, postou uma frase no twitter que reflete esta situação “Mudar a cor de uma marca é uma missão quase impossível!”
Como o clube tem sua tradição, as empresas também têm. Se não tem jeito, se não haverá mudanças, que se cobre melhores valores (caso seja baixo), ativações perante a torcida, benefícios no banco, enfim, vejo o foco em um problema que pode não ser o principal.
Enquanto isso, o BMG segue sua expansão no esporte nacional e principalmente no futebol. Além de patrocínios master e mangas, ela possui diversas fatias do passe de jogadores e isso ajuda muito os clubes.
Exposição e visibilidade, agradando alguns e desagradando a muitos, os investimentos são feitos, cumpridos e pelo menos os clubes não demonstram insatisfação. Para uma instituição financeira que registrou lucro líquido de 605.7 milhões de reais em 2010, crescimento de 16% em relação a 2009 e patrimônio de 2.3 bilhões, parece que a ira de torcedores não afetará em nada seus negócios.
5 respostas
Em 2010, em nome da tradição, os patrocinadores do São Bento de Sorocaba (Leites Colasso, JC Morais, Sorocaba Refrescos (Coca-Cola) e Unimed Paulistana) concordaram em estamparar na camisa azul do clube suas marcas apenas na cor branca. Resultado. Foi uma das camisas mais bonites do clube nos últimos anos e vendeu muito. Já no uniforme branco, cada empresa pode usar sua cor oroginal.
Suponho que para o patrocinador, além da visibilidade, um dos objetivos seja conquistar a simpatida do torcedor. Quando “estraga” o uniforme do clube, fica bem mais difícil de conquistar essa simpatia. Um departamento de mkt que é incapaz de enxergar isso é no mínimo inconsequente.
Exposição à qualquer preço pode ser um tiro no pé.
Concordo com o diretor de mkt do São Paulo. As empresas tem em seus estatutos um manual de cores de sua logo, mostrando as possíveis variações que podem ser feitas. E não vai ser essa birra da torcida do Cruzeiro que vai fazê-los mudar, ainda mais que o laranja deles é forte.
No final do ano passado, o Botafogo tinha em sua camisa a Neo Química como máster e Guaraviton na barra das camisas… Vocês lembram qual era o patrocínio que aparecia mais e que até acho que foi por isso que a Neo Química foi embora?! Então… rsrsrs O pessoal do BMG não está preocupado com a aparência das camisas e sim, com a exposição da sua marca. E por enquanto, estamos refém disso.
Abs!
Mas e o manual de identidade visual? Será que a BMG não tem? Uma das coisas primordiais que aprende-se nas aulas de criação publicitária é que as empresas têm que buscar formas – e cores- para solucionar problemas de aplicação da marca em fundos que não combinem com os da logomarca da empresa.
Acho que o preto e branco básico cairiam como uma luva e solicionariam muito bem o problema da BMG na grande maioria dos times patrocinados por ela.
Em todo bom manual, a aplicação da marca no preto e branco é indispensável.
Pelo que estou vendo, as críticas estão sendo tão grande que, ao invés da exposição da marca trazer um retorno positivo, a BMG está prejudicando a si própria com essa insistência em seguir usando a sua logo padrão.
Acredito que a empresa deva se adequar ao uniforme do clube e as cores, já que ela está buscando o clube para divulgar a sua marca. Se o clube não lhe trouxesse benefícios, ela não pagaria milhões para estampar seu nome nos uniformes. Deve haver um consenso entre os dois. Uma ação de marketing correta no caso do Cruzeiro/BMG seria questionar o torcedor se ele gostaria de ter o laranja em sua camisa, afinal ele que compra o produto.
O que dá pra perceber claramente é que, as empresas não estão interessadas que o torcedor compre a camisa e assim divulgar a marca. Ela quer a divulgação em massa da marca nas transmissões da TV, PPV, fotos em jornais, revistas, internet, etc.
Isso é um erro porque prejudica o clube e o seu torcedor que são os principais responsáveis por alavancar a imagem da marca, no caso de patrocínio esportivo, pois o clube é a plataforma utilizada.
Abraços e parabéns pelo site!